Culpa

Sentimos culpa em não fazer o que nos agrada. Sentimos raiva, frustração.
Não o contrário. Mas precisamos de alguém que ande na linha e que nos diga o que é certo e errado.
E um dia o encontrei.

Por isso acho que não daríamos certo.
Surtaríamos, morreríamos. Seríamos perdidos, rindo sem parar. A vida seria só risos, sem nada em mente. Saídas, escapadas, brigas e abraços. Juntos ou separados, mas sempre unidos em um mesmo pensamento.
Seria perfeito. Seria errado.

E muitos não entendem e nos olham e não
sabem o que queremos dizer,
porque rimos, porque nos gostamos.
Anos depois, mesmo sem se falar, mesmo sem se ver,
ainda existe essa ligação. Nos enclausuramos em aparências,
e até nomes trocamos.
Tudo para que os olhos alheios se aquietem
e se desviem de nós.

Aí a nossa culpa salta. Mas sabemos:
não podemos ser quem somos. Porque eu queria ficar contigo e rir, e saltar, e não dormir. E te amar. De todo o coração.
Dedicar minhas atenções e minhas excitações.
Sem culpa e sem medo dos olhos, dos olhares; daqueles que poderiam pensar o que
quisessem pensar.

No final somos só isso:
pessoas que se satisfazem de pequenos momentos
e passam o resto dos anos fingindo que nada aconteceu. Apenas sentindo essa inexplicável ligação. Uma culpa sem culpa.

Mesmo depois de ter passado por tudo que passei, ainda preferia estar contigo. Onde nada em volta importava, apenas, nossos olhos ligados um ao outro. O carinho, a atenção.
A culpa foi do destino.

Ele nos apresentou na hora errada. . .